sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Dividir um pão com uma faca. Dividir o bem e o mau. Dividir o meu e o seu. Fragmentei meu discurso de idéias corrosivas e me tornei abstrato, amante de uma nova era, apaixonado, resiliente, convencido e sincero, decidido a não torcer o braço para situações infames e incrédulas. Dividi tarefas à cumprir e manuseio meus dias, falta ainda muito mais, porém, ando tranquilo. Ando observando os cantos e imitando os movimentos das sombras, fotografando balelas, trejeitos, cacos, na esperança de me perder em consumo de um novo projeto, um novo dilema, um novo prazer, um novo resultado, um novo divisor...
E tenho satisfação em realizá-lo, pois o fragmento de peças atraí uma nova ideologia e na medida certa constrói um derivado conceito de figura, linguagem e presença...Faço com carinho.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Os outros nomes que nos dão...


Pelo contrário é só pura fúria da imagem cotidiaana, é apenas qualquer pessoa que se revolta diante das muralhas da vida, e é ainda: "vida".
Passou despercebido pela janela de alguém com a mão acenando ao vento, era eu e mais alguém que estava prestes a dizer: "parabéns", eu também.
Mas por enquanto vou ficando assim, fingindo ser seco.

sábado, 30 de maio de 2009

Falo baixinho...quase que mudo.

...mas falo, não deixo de esconder os pensamentos malucos e desordenados que me incluem nessa vida doente e acrescida de problemáticas. Respiro quieto para não deixar vestígios e vapores da respiração trancada e abafada.
Meus Deus que bandeira é essa?

quinta-feira, 21 de maio de 2009

O passado me ronda...

Sabe o que é bom nessa nova vida? Encontrar os velhos (muito velhos amigos), amigos do início da adolescência de pipoca e fita cassete no sofá. É tão doce...
Me faz lembrar e fortalecer que um dia defendi uma bandeira e saí com a cara no lixo, como todos que já defenderam e defendem atualmente, faz-me rir de novos grupos de fumantes e novos grupos de sorrisos de felicidade ao plastificar na parede, é brilhante o círculo da vida, o novo que sempre vem carregado de alicerces e personificações.
Eu gosto de beijar e abraçar todos os homens que nos tornamos hoje, com grandes vocações e batalhas dividas no churrasquinho e na cerveja, mesa de praça ou ponto de ônibus, e como dizia CAIM: Isso é só o começo.
Sim é mesmo, e que bom. Que bom que ainda há forças. Que bom que se anda, se roda, se gira, se vira, ruim se ficássemos presos, pois quando preso fui ainda que por migalhas ganhei meus níqueis que pagavam meus vícios e os alívios do cala-boca jurema!!!!

Jadson e Anderson, perpetuem-se.

sexta-feira, 8 de maio de 2009


(A vida do homem com cabeça de cachorro)


Agora que é possível olhar pela janela a vida que vai, não tenho mais perguntas, não tenho mais curiosidade, é como se fosse um dos últimos homens que acordaram depois do reflexo do deixa estar. Parece que foi ontem tudo e mais um pouco, ainda dói, ainda resiste em algumas certas cicatrizes, sim, o aprendizado, o motivo, tudo que o que me acompanha desde o dia que vi a luz pela primeira vez. Quando saí do véu que me envolvia de alimentos sem esforços, quando estranho ainda estava me adaptando.
Cansava os dedos e a mente em busca de vassouras para reolher o lixo que se atrelava na margem da literatura mundana e bipolar, que sequer depois entendia, isso, culpa do esculhambador de critérios como diziz Jô Soares em mais uma das suas "fat-piadas" engraçadas, mas de fato faz sentido.
Mas agora os sinos da igreja são reais, como estava escrito, e como havia sonhado tempos atrás, e agurado ansioso por anjos que levarão a estafa para os céus, ou para o inferno, para afogá-la com as mensagens e as menções doloridas que começaram nem sei por quê? Rir, é o melhor remédio. Trair e coçar é só começar.
Até mesmo deixei de plantar idéias nos murais, para afastar o espírito da subjetividade e por sua vez a loucura, como antes, que tanto agravada-me e tornou-se pretexto de resposta, idealização, concumbinato...Não me pergunte como pois não pergunto ao profeta gentileza, mesmo que pudesse. Os homens se fazem santos, morrem e nunca vão aos céus.

sábado, 25 de abril de 2009



MANHÃ

(Fernando Sabino)


Abro os olhos com estranheza e fico olhando o teto do quarto. Aos poucos a realidade me vem: estou em
minha própria cama – deitei-me, depois do jantar, para descansar um pouco e acabo de acordar. Sinto o corpo
amassado e gasto por ter dormido vestido. Uma claridade leitosa se insinua pela veneziana e as coisas ao redor têm
uma coloração meio fantástica de interior de igreja, porão, corredor de colégio... Madrugada!
Salto da cama, corro a abrir a janela: o céu vai-se fazendo claro por detrás dos edifícios, passarinhos
cantam, no andar de baixo um despertador começa a tocar. Algumas janelas, aqui e ali, continuam acesas,
esquecidas da noite que se foi. Trava-se no ar uma luta silenciosa entre as sombras e a luz de novo dia.
Entro no chuveiro frio, visto-me e saio para a rua: aconteceu finalmente o que há muito espero, ou seja: a
oportunidade de ver o dia nascer já tendo dormido.
“Só tem índio!” – verificou uma assustada senhorita de nosso society, quando pela primeira vez se
arriscou a enfrentar as ruas do bairro, ao amanhecer. Realmente, verifico que os habitantes deste mundo matinal
são diferentes e têm qualquer coisa de outra raça, no humilde cumprimento das primeiras obrigações do dia. Portas
que se abrem; o jornaleiro da esquina instalando a sua banca; duas mulheres de braços cruzados, certamente indo
para a missa; o garçom do botequim me servindo a primeira média com pão e manteiga. Não há nada de
extraordinário nos gestos regulares e na silenciosa determinação de cada um. No entanto, parece que surpreendo
neles um secreto e primitivo ritual do cotidiano, adquirido em séculos de submissão ao sábio princípio de que a noite
foi feita para dormir, a que se esquivam impenitentes notívagos como eu.
Acendo um cigarro e vou andando. Já é pleno dia. Vou andando ao longo da praia meio desapontado por
não ver pescadores de arrastão, nem barcos, nem nada que, no dizer dos madrugadores, faz mais pitoresca a
manhã. Mas não trago comigo nenhuma das preocupações de ontem – não estou inquieto, nem excitado, nem ao
menos na expectativa conformada do que me trará um novo dia. Estou desprevenido, inocente e de coração leve,
despojado do homem velho como se tivesse renascido com o amanhecer, para um mundo sem problemas.
Sei que o dia há de envelhecer como o de ontem e a noite virá, trazendo a lembrança do que sou. Mas por
enquanto não passo de um animal feliz trotando pela praia numa manhã de sol.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Uaitchê!!!!

Por onde anda o tal poeta que deixou saudades no dia do Teatro Mágico na rua da Cultura?